
Para compreendermos a questão levantada no Teeteto, convém lembrar que existem diferentes géneros de conhecimento:
• Por contacto
• Prático (saber-fazer)
• Proposicional
Iremos ver mais detalhadamente esta questão na aula. Para já, basta sabermos que neste diálogo de Platão se aborda precisamente o conhecimento proposicional, ou seja aquele que se exprime por uma proposição, do tipo: Eu sei que o teste de Filosofia foi no dia nove.
O diálogo Teeteto, tal como os outros diálogos de Platão, ilustra o método da dialéctica platónica.
Teeteto é uma pessoa real, como todos os interlocutores de Sócrates nas obras de Platão. Enquanto promissor aluno de Teodoro de Cyrene, um conhecido matemático, Teeteto é a pessoa indicada para colaborar na investigação sobre o que é o conhecimento. É nessa qualidade que Sócrates o interroga, (ironia) utilizando as respostas do jovem para, no processo dialéctico de eliminar as contradições, se aproximar de um conceito que permita uma definição unívoca do assunto em análise, neste caso o conhecimento. É a argumentação ao serviço do conhecimento e da verdade, a Dialéctica que Platão opõe à Retórica utilizada pelos Sofistas.
Esse conceito verdadeiro será obtido pela maiêutica, o processo de ajudar um espírito a dar à luz os conhecimentos esquecidos pela alma em consequência da sua união com o corpo.
Na unidade anterior vimos como a concepção platónica do real fundamenta este ponto de vista sobre a diferença entre opinião ou crença, por um lado, e a ciência (o verdadeiro conhecimento) por outro.
Como veremos a seguir, há objecções sérias a esta definição do conhecimento como crença verdadeira justificada.
Na verdade, a definição a que se chega no diálogo entre Sócrates e Teeteto não satisfaz as necessidades da Razão, e é isso mesmo que aquele exprime na última fala do excerto apresentado.
Recentemente, Edmund Gettier apresentou interessantes contra-exemplos à análise platónica.
Iremos estudá-los a seguir.