6.06.2008

Pedra Filosofal


AQUI
E chegámos ao fim.
Como podem ver, há trabalhos muito diversos em extensão e profundidade. São também diversos na capacidade crítica e no grau de esforço envolvido. Alguns apenas precisaram de pequenos aperfeiçoamentos. Outros precisaram de cortes profundos e muita reciclagem. Alguns usam as fontes da maneira certa. Outros nem por isso...
Mas, de um modo ou de outro, todos procuraram corresponder ao desafio.
Fechamos com um belo poema de António Gedeão - poeta que também foi um grande professor - cantado por Manuel Freire.

Aqui fica o nosso Pórtico. Feito por todos nós.
Foi estimulante trabalhar convosco.
Obrigada!

Indução e verificabilidade


O método científico pode ser interpretado como hipotético-dedutivo ou como indutivo, consoante a perspectiva de que se partir.

Segundo a perspectiva hipotético-dedutiva, é o problema que deve levar à formulação de uma teoria. O cientista, com a hipótese, tem dois objectivos: explicar um facto e prever outros acontecimentos dele decorrentes. A hipótese deverá ser testada em experiências laboratoriais controladas e, se os resultados obtidos pelos pesquisadores comprovarem perfeitamente a hipótese, então ela será aceite como uma teoria.

A concepção indutiva do método baseia-se no princípio de que os casos ainda não observados serão semelhantes aos que já foram observados. A observação é o ponto de partida para as generalizações teóricas. O grau de confirmação de uma hipótese depende do número de casos observados que estão de acordo com ela.

A indução resume-se a três teses fundamentais:

1. A observação é o ponto de partida da investigação científica;
2. As teorias científicas são elaboradas mediante um processo de generalização indutiva;
3. Depois de a teoria ter sido elaborada tenta-se encontrar confirmações indutivas mais vastas, como também, utilizar a teoria na procura de generalizações mais vastas.


O chamado "Problema de Indução" tem a sua autoria associada a David Hume e pode ser enunciado nos seguintes termos:

Uma inferência é indutiva quando ela parte de casos singulares ou particulares, tais como fenómenos observados ou experimentados, para enunciados universais, tais como hipóteses ou teorias.
Mas, de um ponto de vista lógico e racional, é difícil justificar como verdadeiro e universal um enunciado que parte apenas da observação de casos singulares, mesmo que numerosos, pois o argumento indutivo pode levar a conclusões falsas mesmo com premissas verdadeiras. Por exemplo, qualquer que seja o número de cisnes brancos observados, isso não justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos.
No fundo, o problema da indução corresponde ao problema de justificar a crença na uniformidade da natureza. Se a natureza é uniforme e regular no seu comportamento, então o que acontece no passado e presente que observámos é um bom guia para os acontecimentos não observados do passado, presente e futuro. No entanto, os únicos fundamentos para acreditar que a natureza é uniforme são os acontecimentos observados no passado e no presente.

Segundo o critério da verificabilidade, uma teoria pode ser considerada científica quando é constituída somente por afirmações empiricamente verificáveis, isto é, estabelecidas através da observação.
Dois exemplos:

• Certas algas são verdes.
• Júpiter tem satélites.

A primeira afirmação pode ser verificada através da observação quotidiana e a segunda foi pela primeira vez verificada por Galileu através das suas observações com o telescópio.

No entanto, este critério não é satisfatório, pois as teorias científicas incluem leis, isto é, proposições universais que visam captar regularidades naturais e que não podem ser observadas. Ou seja, o critério da verificabilidade implica que as teorias que incluem leis não são científicas o que é absurdo, já que um dos grandes objectivos da ciência é a descoberta das leis da Natureza.

Popper concorda com Hume a respeito da indução, e por isso defende que as leis cientificas não podem ser verificadas e nem sequer confirmadas.

Como nenhuma inferência indutiva é racionalmente aceitável ou justificável, a observação de casos particulares nunca nos permite apoiar ou confirmar minimamente uma lei científica. No entanto, e segundo Popper, isto não afecta o conhecimento científico, pois este na realidade utiliza o método hipotético-dedutivo e não o método indutivo.

Francisco M.
João C.
Tiago P.

A crítica ao Indutivismo-parte 2


Karl Popper arranjou maneira de dar resposta à questão do indutivismo como método científico.
O Indutivismo enquanto a concepção do método científico consiste, primeiramente, em considerar que é a partir de observações que são formuladas as hipóteses. Destas hipóteses retira-se uma conclusão generalizada e formula-se uma teoria. Esta, se for verdadeira para todos os casos, pode ser verificada, isto é, comprovada a partir da experiência e também a partir da experiência pode ser confirmada, ou seja, verificada parcialmente.
No entanto, o indutivismo sofre algumas críticas. Segundo esta perspectiva a investigação científica necessita que a observação seja pura e o cientista imparcial (não influenciável), mas não é o que ocorre na realidade, pois o cientista recorre ao auxilio de instrumentos para fazer as suas observações e acaba sempre por ser influenciado pelas teorias que já conhece.
Outra crítica é que existem teorias científicas que foram formuladas a partir de objectos não observáveis ou que, pelo menos, não eram observáveis na altura em que a teoria foi formulada.
Mais ainda, o método indutivo apresenta outro problema que já tinha sido discutido por David Hume que é o de justificar o princípio de indução. As inferências indutivas pressupõem o principio de indução, o qual requer que a Natureza seja uniforme. Esse principio não pode ser justificado a priori, pois não é uma verdade necessária. Também não pode ser justificado a posteriori, pois isto leva a formular outro argumento indutivo, o que leva a uma petição de princípio. Como principio de indução não pode ser justificado nem a priori nem a posteriori, então este principio é injustificável. Daí resulta o problema de mostrar que algumas das inferências que fazemos são justificadas.
Karl Popper que concorda com o argumento de Hume em relação ao método indutivo, constrói uma outra interpretação do método cientifico (hipotético-dedutivo) para justificar as teorias cientificas e dissolve o problema da indução, mostrando que os problemas da indução não invalidam a credibilidade e racionalidade da ciência. Pois, segundo o seu ponto de vista, as teorias cientificas não são descobertas a partir do método indutivo, mas sim utilizando apenas o raciocínio dedutivo, visto que é por dedução que se obtém as consequências predictivas das hipóteses que são experimentadas e que, se forem corroboradas, então se aceitam como teoria provisoriamente válida.
A ciência evolui por tentativa e erro, isto é, uma conjectura deve ser sempre posta a prova por meio da experiência tentando mostrar que é falsa e se ela for falsa elimina-se essa conjectura e parte-se para outra; se esta resistir então, inicialmente, é corroborada. Mesmo assim, esta teoria corroborada pode ser mais tarde refutada e substituída por outra.
Assim, nunca temos a certeza de termos encontrado uma teoria verdadeira, mas sim uma próxima da verdade que descobrimos por meio de eliminação das falsas.
O falsificacionismo como critério científico não era perfeito e foi alvo de duas críticas.
Em primeiro lugar o falsificacionismo distorce a natureza da actividade científica. Isto porque os cientistas não desenvolvem uma actividade com o intuito de a refutarem mas sim de a confirmarem e de consolidarem as suas teorias. E não é por não observarem aquilo que esperavam nas primeiras observações que a vão refutar.
A segunda crítica é a de que o falsificacionismo torna irracional a nossa confiança nas teorias científicas.
Se as teorias científicas não estiverem confirmadas pela observação não é racional confiar nelas. Por exemplo se eu não tiver razões muito fortes para acreditar nas leis físicas não vou arriscar atravessar uma ponte, pois ela pode não se comportar da maneira que eu estou à espera e cair.
Popper defendia que as teorias científicas mesmo quando inicialmente corroboradas iriam acabar por ser refutadas. Portanto, segundo Popper, eu não tenho motivos para acreditar que as leis cientificas são válidas e como tal não devo estar à espera que a ponte não caia. E sendo assim o melhor mesmo é não arriscar e não atravessar pontes.

Carla B.
Halyna K.

A crítica ao Indutivismo-parte 1


O que nos permite definir uma teoria científica?
Este era o problema da demarcação segundo Popper.
O problema da demarcação, como podemos observar acima, era o problema de não haver um critério que permitisse definir uma teoria científica de modo a distingui-la de outra não científica.
Popper, para dar uma resposta a este problema, definiu teoria científica como sendo toda a teoria que pudesse ser falsificável, isto é, que pudesse ser sujeita a experiências para testar se a teoria é verdadeira ou falsa.
Popper definiu graus de falsificabilidade. Uma teoria com um grande grau de falsificabilidade é uma teoria com um grande grau empírico. Por exemplo, se eu disser:
• O cobre derrete a altas temperaturas.
• Todos os metais derretem a altas temperaturas.
A segunda premissa tem maior conteúdo empírico que a primeira, logo tem um maior grau de falsificabilidade. Quanto maior for o grau de falsificabilidade de uma teoria melhor, pois significa que tem mais informação e que é mais rigorosa quanto ao mundo da experiência. As teorias que não são falsificáveis não são teorias científicas e nada nos dizem sobre o mundo que observamos.
Para Popper este critério é muito importante, pois ele diz que é mais importante saber os casos em que a teoria é falsificável do que aqueles onde ela é corroborada, ou seja, os casos em que ela pode ser observada.
O filósofo dizia que quanto mais depressa se encontrarem evidências que refutem a teoria mais depressa se pode arranjar uma nova teoria, que será melhor que a antiga.
Esta nova teoria deve ser sujeita ao mesmo tratamento que a antiga, isto é, também se deve procurar não os casos em que a teoria é corroborada, mas sim aqueles em que ela é refutada. Portanto as novas teorias devem ser sempre sujeitas ao principio da falsificabilidade para que possamos ir reformulando teorias e obtendo outras cada vez melhores a partir dos erros anteriores.
Este processo denomina-se Método das Conjecturas e Refutações e baseia-se no que foi anteriormente descrito: tenta-se encontrar casos em que a conjectura, isto é, a hipótese, não é observável, para a partir daí se formar uma hipótese melhor e mais completa que a anterior.
O critério de falsificabilidade visava substituir dois outros critérios de cientificidade que Popper excluiu. Esses critérios são o critério da confirmabilidade e da verificabilidade.
A verificabilidade diz que uma teoria, que foi comprovada através da experiência, é verificada em todos os casos. Popper rejeitou este critério pois dizia que não podemos ter a certeza de que a nossa teoria é confirmada em todos os casos apenas tendo por base a observação de alguns facto. Por exemplo eu tenho a teoria de que só existem cisnes brancos e vou à procura de factos que comprovem a minha teoria. Na minha cidade só existem cisnes brancos, logo a minha teoria é verdadeira; só existem cisnes brancos. Mas um belo dia resolvo ir passar férias à Austrália e encontro cisnes pretos e constato que a minha teoria estava errada.
A confirmabilidade, por outro lado diz que existem casos em que a minha teoria é confirmada, e corresponde a uma visão probabilística da verdade científica.
Mas para Popper uma teoria científica não devia ser confirmada, mas sim falsificada, porque é assim que segundo Popper a ciência avança: por tentativa e erro.

Deve-se saber onde a teoria falha para se poder arranjar uma teoria melhor.
Carla B.
Halyna K.

Corroboração e falsificabilidade


Karl Popper considera que o método científico é hipotético-dedutivo e não é indutivo, pois não é possível verificar ou confirmar hipóteses científicas. É por isso que o filósofo classifica uma teoria científica como conjectura, isto é, como explicação provável.

No entanto, para que haja conhecimento científico é preciso que as teorias sejam postas à prova. Para Popper uma teoria é científica se for falsificável, ou seja se for possível refutá-la pela experiência. No caso de resistir à falsificação, diz-se que aquela foi corroborada, ou seja: resistiu a experiências rigorosas e críticas severas. O facto das teorias serem corroboradas não nos permite concluir que são verdadeiras, mas apenas que poderá haver uma aproximação gradual da verdade.
Em suma, a falsificabilidade é uma forma de distinguir teorias que podem ser testadas pela experimentação. A ciência avança, levando à aproximação da verdade, tanto pelas teorias corroboradas, isto é, que resistiram à falsificação, como pelas teorias refutadas, graças às quais se avança mais depressa na descoberta dos erros escondidos nas teorias.

Marisa

A crítica ao indutivismo


Segundo o indutivismo, a elaboração de teorias científicas tem como ponto de partida a observação; depois, tentam-se encontrar novos casos que confirmem essas hipóteses. Isto é, a observação precede a teoria e a passagem de uma para a outra dá-se mediante inferências indutivas e, com isto, obtêm-se generalizações depois de observar o Mundo. Essas generalizações são ainda hipóteses e uma vez verificadas pela experimentação, tornam-se Leis Universais, válidas para todos os casos.
Contudo, existem fortes críticas à teoria indutivista, como por exemplo, o facto de não existirem observações puras, pois os investigadores são sempre influenciados de diversas formas pelos instrumentos usados na observação bem como pelas teorias já reconhecidas e o facto de muitas teorias se referirem a objectos não observáveis, como por exemplo, a teoria do Big Bang.
Karl Popper surge como um dos grandes opositores ao indutivismo, criticando a verificabilidade e a confirmabilidade como critérios de cientificidade. Propõe então o critério da falsificabilidade, que assenta na crença de que uma teoria é científica se for falsificável, isto é, se puder ser refutada pela experiencia. Na sua teoria, prevê diferentes graus de falsificabilidade, sendo tanto maior o grau de falsificabilidade de uma teoria quanto maior for o seu conteúdo empírico, ou seja, quanto maior for a informação que ela nos dá sobre o mundo que observamos.
Para Popper, as teorias são conjecturas sempre susceptíveis de serem falsificadas. É preciso deduzir previsões empíricas a partir da hipótese e confrontá-la com a observação, testando-a pela experimentação. Se as previsões se revelarem incorrectas, a teoria será refutada e será preciso procurar uma hipótese melhor para resolver o problema, mas, se uma teoria superar todas as tentativas de refutação está corroborada pela experiência. Daí que a ciência progrida por tentativa e erro, ou seja, ao rejeitar teorias falsas encontramo-nos mais próximos da verdade acerca do mundo, pois já nos libertámos de alguns erros.
Posto isto, concluímos que para Karl Popper a indução é injustificável, mas isso não põe em causa a credibilidade ou a racionalidade da ciência, pois o raciocínio indutivo não desempenha qualquer papel na investigação científica. O filósofo em questão ao refutar o indutivismo defende a concepção hipotético-dedutiva do método, ou seja, considera que não se parte da observação empírica mas de um facto-problema proveniente de uma dada teoria. Este método comporta as seguintes etapas: formulação de um problema, enunciação de uma hipótese, dedução de casos particulares a partir da hipótese, verificação da hipótese e refutação ou corroboração da hipótese. Como a avaliação de teorias científicas consiste essencialmente em tentativas de refutação, para tentar refutar uma teoria basta estabelecer casos concretos a serem submetidos aos testes experimentais, isto é, basta deduzir consequências empíricas da hipótese conjectural para a submeter aos testes experimentais.


Rita G.
Teresa B.

Indução e verificabilidade: um problema


O indutivismo é a interpretação do método científico segundo a qual as leis científicas são formadas a partir da observação. Segundo esta teoria, primeiro observa-se/experimenta-se, depois são formuladas teorias científicas através da generalização indutiva, e por fim tenta-se melhorar e generalizar ainda mais vastamente a teoria, sempre pela observação.
As teorias, depois de formuladas e comprovadas pela experimentação, consideram-se verificadas. A verificabilidade diz-nos que uma teoria comprovada é verdadeira em todos os casos, ou seja: a verificabilidade garante-nos que uma lei obtida por generalização constitui uma verdade universal.
Porém, são levantadas algumas objecções a esta teoria. Não existir observação pura é uma das objecções, pois não há observadores neutros: o cientista utiliza instrumentos, aceita teorias que já conhece e que orientam a sua investigação. Outra objecção é também o facto de as teorias se referirem a objectos que não são observáveis, por um lado, e por outro o facto de que não seriam aceitáveis as próprias teorias e leis gerais que fazem parte da ciência – o que não faz qualquer sentido, visto que a ciência procura precisamente estabelecer leis que expliquem o funcionamento da natureza.
Logo, existe um problema quando explicamos a formação de teorias científicas através da indução e da verificabilidade, porque através da indução é feita uma generalização que por vezes é errada, visto que ao se generalizar cai-se muitas vezes em erro, pois estamos a pressupor coisas que não constam nas proposições. E isto acontece porque a indução não apresenta a propriedade da necessidade lógica, pelo que é possível partir de premissas verdadeiras e mesmo assim obter conclusões falsas.
Vasco P.F.
João P.V.

A crítica ao indutivismo


Segundo a perspectiva indutivista, o método que nos conduz à descoberta das leis científicas da natureza é o indutivo. Para os indutivistas, a investigação científica parte da observação isenta do Mundo, isto é, livre de toda e qualquer crença que possa influenciá-la. De seguida, a partir dos factos observados (casos particulares), tira-se uma conclusão geral, obtendo-se, assim, uma teoria científica elaborada mediante um processo de generalização indutiva. Por fim, faz-se uso desta teoria ou para chegar a novas conclusões ainda mais vastas, ou para encontrar outros factos que possam apoiá-la. A experimentação visa verificar ou simplesmente confirmar as teorias assim obtidas: são científicas as teorias que satisfaçam os critérios da verificabilidade (quando se tem uma visão determinista da ciência) ou da confirmabilidade (quando se aceita uma visão probabilística da ciência).
Para Popper é necessário criar outro critério de cientificidade para resolver o problema da demarcação, ou seja, para separar as teses científicas das não científicas, pois os critérios do indutivismo não são justificáveis. O critério por ele proposto é o da falsificabilidade, segundo o qual uma teoria só é científica se for possível refutá-la através da experiência. E quanto mais informação acerca do Mundo por nós observado, isto é, conteúdo empírico, tem uma tese, maior é o risco de esta ser refutada pela experiência, logo maior é o seu grau de falsificabilidade.
Além disso, Popper defende que uma teoria científica é elaborada partindo de um problema que vai levar à criação de diversas conjecturas – hipóteses sugestivas. Depois de se chegar à teoria propriamente dita, tenta-se falsificá-la, isto é, testa-se pela experimentação. Caso uma teoria resista a todas as tentativas de refutação, passa a ser uma teoria corroborada.
Deste modo, pode-se chegar à conclusão que Popper tem uma perspectiva do método científico diferente da perspectiva indutivista, pois segundo ele a elaboração de uma teoria tem como ponto de partida um problema, enquanto que segundo os indutivista o ponto de partida é a observação. Por isso concorda com a crítica que Hume faz ao indutivismo: as teorias científicas não podem ser confirmadas pela observação, nem resultar de um processo de generalização indutiva, pois este assenta no princípio da indução, o qual não pode ser justificado, nem a priori, nem a posteriori.
Contudo, Popper não se preocupa em resolver este problema, pois, segundo ele, a indução não desempenha qualquer papel no que diz respeito à investigação científica, visto que o método científico é na realidade hipotético-dedutivo.
Ana V.B.

O problema da indução


O método científico pode ser encarado quer como um método indutivo, quer como método hipotético-dedutivo. Karl Popper é a favor de que se trata de um método hipotético-dedutivo e como tal apresenta inúmeras críticas ao método indutivo.
O indutivismo defende que existe, em primeiro lugar, uma observação pura e que as teorias científicas se obtêm mediante inferências indutivas: partindo-se do particular para o geral.
Por mais elevado que seja o número de afirmações particulares, não podemos garantir que as afirmações universais estarão correctas. Como exemplo, temos o caso dos cisnes que durante muito tempo foram considerados brancos até serem encontrados cisnes pretos.
Surge aqui o problema da indução: saber se as inferências indutivas estão ou não justificadas, e Popper apresenta algumas críticas a esta perspectiva do método.
Como primeira crítica, Popper defende que não existe observação pura. Os investigadores são sempre influenciados por outras teorias. Quanto mais a ciência avança, menos pura é a observação.
Em segundo lugar, afirma que os objectos da ciência, muitas vezes, não são observáveis, como foi durante muito tempo o caso dos átomos, electrões ou do ADN e, por isso, as teorias não podem ter sido desenvolvidas mediante generalizações indutivas baseadas na observação.
Como Popper não aceita o indutivismo, não se pode basear nos critérios indutivos que dão resposta ao problema da demarcação. Este problema consiste em definir a distinção entre teorias científicas e não científicas. Existem tradicionalmente dois critérios: a verificabilidade (verdadeiro se confirmado para todos os casos) e a confirmabilidade (verdadeiro apenas para alguns casos).
Em relação ao primeiro, Popper defende que este critério é inadequado para resolver o problema da demarcação, uma vez que não se podem observar todos os casos existentes e consequentemente não se pode formar uma lei absolutamente válida.
Como resposta a este problema, Popper afirma que as teorias científicas são meras conjecturas e que devem ser constantemente postas à prova, tendo em conta um critério de falsificabilidade. Uma teoria é científica, se e apenas se pode ser refutada pela experiência, logo não podemos dizer que a teoria científica é verdadeira mas apenas verosímil. Uma boa teoria científica é falsificável num grau elevado, ou seja, quanto mais informação ela tiver sobre o mundo maiores são as possibilidades de essa teoria ser refutada pela observação. A informação contida nas teorias tem de ser vasta e rigorosa para que esta possa ser refutada.
Karl Popper não se limita a encontrar solução para o problema da demarcação, como também apresenta três teses fundamentais da sua perspectiva que consiste no método das conjecturas e refutações.
Na primeira, considera que os problemas são o ponto de partida da investigação científica. Quando o investigador observa o mundo fá-lo de um modo selectivo, pois só lhe interessa observar aquilo que dá resposta ao seu problema.
Um cientista vai depois, numa segunda fase, criar conjecturas e hipóteses sugestivas decorrentes do problema. Quanto mais ousada a teoria melhor, pois a sua probabilidade de ser falsificada é maior.
Uma vez apresentada a ideia, extraem-se dela conclusões particulares através da dedução lógica. De seguida, estas conclusões são comparadas para se descobrir a relação entre elas (tais como equivalência, derivabilidade, compatibilidade ou incompatibilidade).
Numa terceira fase, um cientista procura refutar ou falsificar a teoria. Para a testar é preciso deduzir previsões empíricas e pô-las à prova através da observação. Se as previsões se revelarem incorrectas a teoria é refutada e o investigador procura uma hipótese melhor para resolver o problema. Se a previsão for correcta podemos dizer que até ao momento a teoria talvez seja verdadeira. Uma teoria que supera todas as tentativas de refutação diz-se corroborada pela experiência.
Concluindo, para Popper a indução não desempenha qualquer papel na investigação científica. A avaliação de teorias científicas consiste em tentativas de refutação e para isso basta submetê-las à experimentação. Parte-se de uma hipótese geral e submetemos à experimentação casos particulares deduzidos dessa mesma hipótese.
As leis científicas são conjecturas e podem ser refutadas a qualquer momento. Popper substitui a ideia de verificação ou confirmação pela de falsificação. As teorias científicas devem ser expostas à falsificação e o seu carácter de verdade está na capacidade de resistência à falsificação.
“Admitimos que a racionalidade consiste na atitude crítica e buscamos teorias que, embora falíveis, nos permitam progredir, ultrapassando as teorias precedentes: o que significa que são testadas com maior rigor, conseguindo resistir a alguns desses testes.” - Karl Popper
João S.
Marta P.

Corroboração e falsificabilidade



Segundo Popper, as teorias científicas não podem ser confirmadas nem verificadas. Assim, o critério para uma teoria ser científica é o facto de ser falsificável, ou seja o facto de poder ser refutada pela experiência. Quanto maior o grau de falsificabilidade (significa isto que a teoria corre grandes riscos de ser refutada) maior é o seu conteúdo empírico, ou seja quando uma teoria científica tem grandes probabilidades de ser refutada, é porque essa teoria nos dá muitas informações acerca do Mundo à nossa volta e é mais provável que alguma dessas informações venha a ser desmentida por serem muitas.
Também segundo Popper quando uma teoria foi posta à prova e superou todas as tentativas de refutação, está corroborada pela experiência. Isto é, até agora nada indica que a teoria seja falsa, mas apesar disso, também não temos a certeza de ser verdadeira.
Assim, se uma teoria com um elevado grau de falsificabilidade está corroborada, significa que há grandes hipóteses de esta teoria ser verdadeira, e dela nos dar muita informação sobre o Mundo à nossa volta.
A falsificabilidade é uma qualidade que indica a capacidade de uma teoria ser submetida a testes experimentais.Pode-se assim concluir que a falsificabilidade permite seleccionar as teorias científicas, e é estas, ao terem sucesso, passam a ser teoria corroboradas, pelo facto de não serem refutadas. Só se considera corroborada uma teoria se ela resistiu às tentativas de falsificação.

Trabalho realizado por:
Sara C.