6.06.2008

A crítica ao indutivismo


Segundo a perspectiva indutivista, o método que nos conduz à descoberta das leis científicas da natureza é o indutivo. Para os indutivistas, a investigação científica parte da observação isenta do Mundo, isto é, livre de toda e qualquer crença que possa influenciá-la. De seguida, a partir dos factos observados (casos particulares), tira-se uma conclusão geral, obtendo-se, assim, uma teoria científica elaborada mediante um processo de generalização indutiva. Por fim, faz-se uso desta teoria ou para chegar a novas conclusões ainda mais vastas, ou para encontrar outros factos que possam apoiá-la. A experimentação visa verificar ou simplesmente confirmar as teorias assim obtidas: são científicas as teorias que satisfaçam os critérios da verificabilidade (quando se tem uma visão determinista da ciência) ou da confirmabilidade (quando se aceita uma visão probabilística da ciência).
Para Popper é necessário criar outro critério de cientificidade para resolver o problema da demarcação, ou seja, para separar as teses científicas das não científicas, pois os critérios do indutivismo não são justificáveis. O critério por ele proposto é o da falsificabilidade, segundo o qual uma teoria só é científica se for possível refutá-la através da experiência. E quanto mais informação acerca do Mundo por nós observado, isto é, conteúdo empírico, tem uma tese, maior é o risco de esta ser refutada pela experiência, logo maior é o seu grau de falsificabilidade.
Além disso, Popper defende que uma teoria científica é elaborada partindo de um problema que vai levar à criação de diversas conjecturas – hipóteses sugestivas. Depois de se chegar à teoria propriamente dita, tenta-se falsificá-la, isto é, testa-se pela experimentação. Caso uma teoria resista a todas as tentativas de refutação, passa a ser uma teoria corroborada.
Deste modo, pode-se chegar à conclusão que Popper tem uma perspectiva do método científico diferente da perspectiva indutivista, pois segundo ele a elaboração de uma teoria tem como ponto de partida um problema, enquanto que segundo os indutivista o ponto de partida é a observação. Por isso concorda com a crítica que Hume faz ao indutivismo: as teorias científicas não podem ser confirmadas pela observação, nem resultar de um processo de generalização indutiva, pois este assenta no princípio da indução, o qual não pode ser justificado, nem a priori, nem a posteriori.
Contudo, Popper não se preocupa em resolver este problema, pois, segundo ele, a indução não desempenha qualquer papel no que diz respeito à investigação científica, visto que o método científico é na realidade hipotético-dedutivo.
Ana V.B.

Um comentário:

adalberto disse...

Boa!!!!!tarde, sou acadêmico de Filo sofia(Licenciatura Plena),estamos estudando a disciplina "Filosofia da Ciência", com abordagem aos indutivista e a crítica de Hume a cerca de tal pensamento. Esse artigo veio no momento certo, onde me ajudou a refletir com maior precisão. Adalberto. Email: adalberto-2000@bol.com.br