6.06.2008

Indução e verificabilidade


O método científico pode ser interpretado como hipotético-dedutivo ou como indutivo, consoante a perspectiva de que se partir.

Segundo a perspectiva hipotético-dedutiva, é o problema que deve levar à formulação de uma teoria. O cientista, com a hipótese, tem dois objectivos: explicar um facto e prever outros acontecimentos dele decorrentes. A hipótese deverá ser testada em experiências laboratoriais controladas e, se os resultados obtidos pelos pesquisadores comprovarem perfeitamente a hipótese, então ela será aceite como uma teoria.

A concepção indutiva do método baseia-se no princípio de que os casos ainda não observados serão semelhantes aos que já foram observados. A observação é o ponto de partida para as generalizações teóricas. O grau de confirmação de uma hipótese depende do número de casos observados que estão de acordo com ela.

A indução resume-se a três teses fundamentais:

1. A observação é o ponto de partida da investigação científica;
2. As teorias científicas são elaboradas mediante um processo de generalização indutiva;
3. Depois de a teoria ter sido elaborada tenta-se encontrar confirmações indutivas mais vastas, como também, utilizar a teoria na procura de generalizações mais vastas.


O chamado "Problema de Indução" tem a sua autoria associada a David Hume e pode ser enunciado nos seguintes termos:

Uma inferência é indutiva quando ela parte de casos singulares ou particulares, tais como fenómenos observados ou experimentados, para enunciados universais, tais como hipóteses ou teorias.
Mas, de um ponto de vista lógico e racional, é difícil justificar como verdadeiro e universal um enunciado que parte apenas da observação de casos singulares, mesmo que numerosos, pois o argumento indutivo pode levar a conclusões falsas mesmo com premissas verdadeiras. Por exemplo, qualquer que seja o número de cisnes brancos observados, isso não justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos.
No fundo, o problema da indução corresponde ao problema de justificar a crença na uniformidade da natureza. Se a natureza é uniforme e regular no seu comportamento, então o que acontece no passado e presente que observámos é um bom guia para os acontecimentos não observados do passado, presente e futuro. No entanto, os únicos fundamentos para acreditar que a natureza é uniforme são os acontecimentos observados no passado e no presente.

Segundo o critério da verificabilidade, uma teoria pode ser considerada científica quando é constituída somente por afirmações empiricamente verificáveis, isto é, estabelecidas através da observação.
Dois exemplos:

• Certas algas são verdes.
• Júpiter tem satélites.

A primeira afirmação pode ser verificada através da observação quotidiana e a segunda foi pela primeira vez verificada por Galileu através das suas observações com o telescópio.

No entanto, este critério não é satisfatório, pois as teorias científicas incluem leis, isto é, proposições universais que visam captar regularidades naturais e que não podem ser observadas. Ou seja, o critério da verificabilidade implica que as teorias que incluem leis não são científicas o que é absurdo, já que um dos grandes objectivos da ciência é a descoberta das leis da Natureza.

Popper concorda com Hume a respeito da indução, e por isso defende que as leis cientificas não podem ser verificadas e nem sequer confirmadas.

Como nenhuma inferência indutiva é racionalmente aceitável ou justificável, a observação de casos particulares nunca nos permite apoiar ou confirmar minimamente uma lei científica. No entanto, e segundo Popper, isto não afecta o conhecimento científico, pois este na realidade utiliza o método hipotético-dedutivo e não o método indutivo.

Francisco M.
João C.
Tiago P.

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