6.14.2007

Duchamp

Em 1917, Duchamp, já então artista consagrado,concorreu a uma exposição da Society of the Independent Artists com um urinol intitulado a Fonte e assinado com o nome de R. Mutt. A Society defendia a abertura a novas formas de arte e a intenção de Duchamp era provocatória. Esperava, com esta obra, pôr em causa os membros da sociedade colocando-os perante o dilema de aceitar ou não como arte um objecto que não tinha sido feito para ser arte.

Era o próprio conceito de arte que estava em jogo. No entanto, a sua expectativa saiu frustrada, porque a Fonte não foi, nessa altura, apresentada ao júri. Diz-se que os empregados da Society não identificaram o objecto como fazendo parte das obras de arte a serem apreciadas, tendo-o arrumado na cave. Hoje, a Fonte ocupa um lugar de destaque nos museus de arte contemporânea.

O estatuto de um objecto como obra de arte tornou-se cada vez mais indeterminado.
Por exemplo, em 1977, Alberto Carneiro realizou uma exposição na Galeria Quadrum que constava de um único objecto: uma pedra rolada trazida de uma ribeira de Trás-os-Montes. Depois da exposição a pedra foi reposta na mesma ribeira.
Enquanto esteve na exposição foi uma obra de arte, depois de reposta na mesma ribeira deixou de o ser.

Carmo d'Orey, O que É Arte? ou Quando Há Arte? (adaptado)

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